Atmadja – Parte 15 : Despedida...


Os ventos que giravam em forma de cone eram agora uma criatura com vontade de destruição, ao receber ataques das pessoas ali presentes, podia ser visto nos recém formados olhos do monstro uma vontade muito grande de matar, de causar dor, e isso foi sentido até o fundo das suas animas quando o monstro emitiu um som horrendo, algo que não cabia dentro das mentes humanas, e que poderia enlouquecer qualquer pessoa despreparada.
Melissa tinha muita dificuldade para ficar no ar devido à grande força dos ventos da criatura, Faeh com Selena nos braços e Jim haviam conseguido chegar ao solo sem problemas, mas era igualmente complicado se manter firme diante do tamanho e da força daquele monstro desgovernado e seus ventos devastadores.

Começava naquele instante um dos maiores confrontos em que eles estariam envolvidos durante toda a vida.
Faeh colocava todos os seus esforços em tentar curar Selena, seus ferimentos não eram físicos, sua dor era mental, era psicológica, a jovem princesa estava tendo sua mente invadida por aberrações de outro mundo, e graças a jovem cigana, a pequena Selena não caiu em completo desespero.
A criatura era impiedosa, com seus braços de vento atacava furiosamente tudo o que via pela frente, era claro que seu alvo era muito mais do que apenas as pessoas ali presentes, parecia que ela atacava o mundo diretamente, que o monstro queria machucar a própria anima em si.
O pássaro de Moiro refletia esplendor e desenvoltura em seus movimentos, era a única criatura ali que não era afetada pelos fortes ventos do monstro-furacão, junto a isso ele emitia um som agudo e sereno, que aparentemente afetava a criatura e a distraía as vezes, era a única coisa aparente que ele fazia.

Moiro cantava, mas estava sério, ele sabia que Selena havia feito algo muito pior do que os outros ali imaginavam, sabia que corromper algo que já era maligno resultaria em uma criatura capaz de trazer muitas catástrofes e tendo total ciência disso, ele cantava suas músicas mais antigas, todas refletindo seus selos proibidos ao redor do bardo.
As canções faziam com que, de alguma forma, os ventos da criatura diminuíssem sua força ao mesmo tempo que fazia surgir, em torno de todos os seus amigos, uma aura prateada que por vários instantes os deixavam de certo modo invisíveis aos olhos do monstro.



Contudo isso era pouco, Melissa atacava sem parar, mirava nos braços modificados, na espécie de boca desforme que surgiu, mirava nos olhos e mesmo com toda a dificuldade em se manter no ar sem ser sugada pelo redemoinho de ventos, sua mira era impecável.
A criatura parecia sentir todos os ataques, entretanto ela não parava, nem por um segundo sequer, de bater nas coisas, de destruir tudo que fosse possível.

Jonos correu, só ele sabia de um detalhe que os outros ainda não tinham visto, o anão sabia a origem de todo aquele vendaval, e foi direto para lá que ele correu destemido, direto para a caixa brilhante que ficava no solo logo abaixo da base do monstro de vento. A pequena garota que ele deixou atrás das pedras se levantou e com os olhos voltados para Jonos recitou algumas palavras mágicas que ajudou ele a ganhar mais força para encarar a força do vento que aumentava constantemente conforme ele se aproximava da criatura.
Com toda a força que ele conseguiu juntar em seus braços, O guerreiro desferiu um golpe com seu machado na caixa de jóias que mantinha o furacão solto no ar, partindo-a em duas. Por alguns instantes ele ficou caído no chão, meio atordoado com o golpe, mas tão logo recobrou toda a sua consciência, ele foi jogado dali com uma força tão grande que nem os efeitos de todos os feitiços de proteção que haviam sido lançados sobre ele foram o bastante para impedir seus ferimentos.
Por outro lado, todos os outros que estavam vendo a criatura a distância presenciaram uma forte explosão de energia. Surpresos, Melissa, Faeh, Moiro e seu pássaro acharam que finalmente o monstro havia sido derrotado, pois os ventos se dissiparam junto com o surgimento de uma grande nuvem de poeira que se formou por ali.

Selena parecia estar mais calma dentro de si, Faeh a ninava como sua própria filha enquanto cantava para afastar seus temores e mantê-la em nosso mundo.
Quando a dançarina percebeu que a princesa já não estava mais sendo perturbada pelos pesadelos que invadiram sua mente, ela levantou e começou a dedicar sua atenção aos resultados da batalha até então, mas o que ela viu foram ondas de pó vagando no ar e um grande buraco no chão.
No fundo, Faeh via algumas pequenas pedras brilhantes espalhadas pelo chão, das quais emanavam raios de energia e que, aparentemente, estava tratando de absorver o que restou dos ventos que compunham o monstro furacão. Ela achou isso no mínimo, estranho, e correu para dentro do buraco e tentou juntar as pedras o mais rápido possível.

Moiro estava em transe, aparentemente as últimas canções que ele entoou o desgastaram e ele precisava de alguns instantes de meditação para se recuperar. Enquanto ele flutuava em cima de seu pássaro, Melissa descia ao solo levemente, como uma pluma caindo dos céus, respirando aliviada por ter ajudado a derrotar o monstro dos ventos.
Faeh ainda juntava as pedras quando as mesmas trincaram e quebraram, liberando no ar raios de uma energia vermelha. Os cristais fizeram com que o resto dos ventos da criatura que ainda estavam por ali se juntasse novamente, formando assim um novo furacão-monstro, feito da soma da energia das pedras com os restos de vento corrompido.

Jim conseguiu conter suas lágrimas, firmar bem seus pés no solo e com toda a coragem que tinha dentro de si, sacou sua nova arma e partiu em direção a Selena, caso a criatura estivesse vindo em sua direção, ele certamente estaria ali para detê-la.
Chegando ao local onde a jovem princesa havia sido deixada, Jim teve uma grande surpresa, ele viu sua amiga em pé abraçada com outra menina, as duas envoltas por uma aura de anima que claramente as mantinha protegidas. Selena viu seu amigo e correu abraçá-lo, ela sabia que nas ruínas abaixo deles estava o pergaminho da lenda que o ancião lhes contou e que era a chave para o fim dessa rigorosa aventura. Ele, feliz por ver a amiga bem, concordou e sentou-se junto as duas meninas.

Enquanto isso, dentro do buraco, o novo monstro se preparava para expulsar mais ira do que o que acabara de ser derrotado, raios de luz atingiam as paredes de dentro da tumba em ruínas e areia, pedra e restos de madeira voavam por todas as partes. Melissa, ao ver que este monstro era mais perigoso que o outro, empunhou seu arco e começou a mirar para novos disparos, mas notou uma coisa que ia deixar a luta um tanto quanto difícil: ele se alimentava de magia, o que significava que seus ataques não fariam mais nada além de deixar o monstro mais forte ainda.
Aos pés da criatura, Faeh tomou a maior decisão da sua vida, ela sabia que essa criatura não seria vencida facilmente, e que as conseqüências poderiam ser mortais. Então, a jovem cigana sacou seu leque de flores, começou a dançar e a cantar.
Magicamente, plantas e animais começaram a surgir em toda a tumba, todos juntos envolvendo o grande mostro de vento, Faeh com seus magníficos movimentos harmônicos, chamou para si toda a energia que estava emanada ali, tornando-se uma grande esfera vermelha de puro anima, que nascia ali para conter o furacão.

Melissa descia para ajudar a jovem dançarina e Jonos recuperava sua consciência, ambos, depois de alguns instantes, puderam ver que a linda esfera reluzente de anima vermelho, foi capaz de manter dentro de si, toda a energia que havia sido liberada pelas jóias e pela sua canção.
Por final, a esfera dissipou toda a energia mágica que tinha contido e desapareceu com todo o seu conteúdo, enchendo todo o local de vida natural, animais e água. Uma fina chuva de pétalas e minúsculos cristais líquidos caíam sobre as cabeças de todos ali, como um choro, não de tristeza, mas o choro da natureza com a emoção de uma despedida...



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4 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Bom, muito bom.
Trabalho é bom e todo mundo gosta, principalmente de um peão como você =D
Sem mais,
Vocêsabequem
=)

25 de setembro de 2009 às 17:22  
Blogger Pietro disse...

T.T

John sucumbindo outra vez ao vício maldito de matar as melhores personagens do Exílio...
Creio que Moiro deva escrever uma canção para exaltar os feitos da Cigana Rubra...

Também a tão saudosa Reis - A Clériga de Flora.


O nome do pássaro é Mardoll! Como já revelado antes é o pássaro a verdadeira essência do grande trovador, que já voou além do Soma de Moiro... Como os contos são anacrônicos não há problema.
Logo, terminado o calendário do Exílio, havemos de postar a data mágica de cada acontecimento e uma breve cronologia.

Um último salve pela anima de Faeh antes da trova dedicada à ela!

Esteja com Athamoni para sempre.

26 de setembro de 2009 às 23:42  
Blogger Pietro disse...

E a menina quem é???

Como é o nome do deserto?
Poderia postar a parte do mapa com a rota seguida ao longo desse conto!

Bênçãos!!

26 de setembro de 2009 às 23:47  
Blogger John Campos disse...

Aguardem, terão surpresas. :P

o deserto se chama Na'haari.
Quem sabe no final do conto eu poste, a trajetória dos jovens.
Se não o fizer aqui, farei quando for compilar tudo para edição revisada. ^^

Faeh estara sempre en nossos corações.
hehe

28 de setembro de 2009 às 11:23  

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